quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Há braços


Acordar sentindo um abraço.

Acordar sentindo o que mais poderia ser de um abraço e que não foi dado.

Acordar lembrando do não que pode ou não mudar.

Acordar lembrando de sussuros ao pé do ouvido, do toque lento e intenso do cheiro que ainda fica em mim.

Acordar e querer que nem sono tivesse tido para não viver sonhos.

Prefiro a realidade de querer, entender que existem falhar corrigíveis e erros permanentes.

Saber que o que se sente e o que se pensa que sente são coisas diferentes e que "não sei sentir porque estou a pensar" quando sinto que penso tudo isso.

Há braços para mais abraços. Há braços para envolver suas divagações em perfeito contato com a minha ansiedade, basta ter coragem e perder a timidez.

Quero não ser tão imediatista e saber que o tempo tem todas as respostas. Admitir que tudo que ouvi e li estão certos, como um mapa astral perfeito do que sou, do que não fui e de tudo que ainda posso ser.

"Me livrar da necessidade de respostas para as minhas inquietações vivendo realmente o sentido e significado que existem entre elas. Destruir o que construi sobre mim mesmo, embrenhar completamente na loucura do não saber nada, desfazendo-me de mim mesmo e des-doutrinar-me do que me parece coerente!"

Parece que os atstros não poderiam enviar um sinal melhor do que esse. Uma leitura humana de algo sobre-humano feita por uma pessoa além de tudo isso.

Poder abraçar cada palavra, saber que há braços para cada sentido, sentir, sentir, sentir, destruir, me livrar, renascer, embrenhar, loucura, sanidade, coerência, perguntas, respostas, certezas, incertezas.

Definir o indefinido, me permitir, acabar com.

Só me tornando Fênix, renascendo de cada cinze de tudo o que me queima por dentro.

Sim, há braços para abraçar tudo isso.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tempo e respiros


Muitas vezes algo ou alguém nos inspira a criar.
Criar é ser ativo no modo prático do pensar. Pensar é ler aquilo que queremos fazer. Fazer é o resultado do criar.
Tudo gira em cima do mesmo e quando vamos em uma direção podemos voltar ao ponto de partida. e é aí que perguntamos: Por quê fui tão longe para chegar aqui? E voltamos tudo de novo.
Sinto-me como um ioiô, que busca o início do que o leva ao fim. Mas que sempre segue uma linha, uma forma de ir e vir, embora muitas vezes seja necessário alguma inovação no movimento para se chegar até o ponto perfeito do fazer.
E qual o motivo de tudo isso? Sonhos, idéias, tudo aquilo que desejamos conquistar, não importa se é algo ou alguém, mas sim nós mesmos em outras formas.
Notei que o que me leva em frente não é a razão.
É sempre alguém. Mesmo que esse alguém não esteja aqui, mesmo que esse alguém seja um alguém que só exista no papel e que vai tomar forma no meu próprio corpo para ser uma cena, mesmo que esse alguém seja quem eu quero ao meu lado e pode estar mais distante do que imagino neste momento.
Daí surgem as mudanças mudando esses "alguéns" e eu mudo de novo, mas continuo o mesmo.
Noites em claro, pensamentos, idéias, sonhos e mais mudanças.
Será que continuo o mesmo em cada transição? Será que mudo e não mudo nada ou é exatamente esse o caminho para me encontrar?
Pressa, ansiedade (de novo a ansiedade), brincar de ser "gente grande" em uma alma lúdica, silêncio total em meio ao barulho ensurdecedor da capacidade de não ouvir nada. Ouvir meu silêncio que não se cala entre e acima das minhas orelhas.
Inspirações em pensamentos vagos, confusão mental, cinestesia virtual e imaginária do que quero sentir através de imagens, memórias e pensamentos.
Esperas, tempos, paciência, respiração ofegante, paz.
Que vontade de rir de minha insana loucura presente entre o que sou, o que quero, o que posso e o não.
Encontrar um sentido no que não tem sentido.
Quero ser e isso não tem fórmula. E minha fórmula é essa... não ser apenas uma reação química a mais vagando pelas ruas. Quero ser o ar, quero a respiração dos amantes, o sussuro do bom dia, a raiva controlada do ato obsceno do pensar.
Quero a mim, só isso.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Visceralidade







Não sei ser metade. Sou apenas e exatamente aquilo que penso, sinto e quero.

A impulsividade me faz ir adiante, correndo os mesmos riscos que corri desde que nasci. Ou encerro-me em mim mesmo ou vôo em frente.


Plagiando um amigo ao discutirmos "Ícaro", ele me disse algo profundo: "Voar é dádiva e maldição".




Parece que a Terra me aterra e sinto o peso dos meus pensamentos afundando lentamente. Uma sinapse visceral, onde um axônio passa completo para o dendrito de outro neurônio, mas jamais será capaz de vencer o espaço entre eles.




Ansiedade, medo, insegurança, certeza. Tantas sensações juntas que afloraram dentro de mim. Acho que talvez precisasse desse vendaval que chegou no dia 06 de fevereiro. Voltar no tempo, sentir o sentir novamente, querer ir em frente e ter que pisar no freio. E aí volta a questão de ser inteiro ou ser metade (o que não sei ser).




Reconstruir castelos de areia, sonhar acordado, pintar uma tela com os próprios dedos manchados com minhas dores e meus amores. Ser, estar, ficar, parecer, permanecer, continuar. Ser os verbos de ligação que me ligarão a mim mesmo, a um outro eu e eu sendo outro onde no outro eu talvez nem exista.

Um pouco daqui e mais ainda Dalí, sem querer ser o próprio Salvador, mas talvez Pessoa em cujas pessoas se criaram com suas próprias histórias, com começo meio e fim. Um carneiro sem a carne, grrrrrrrrrrr, senta aqui ao meu lado.

"Vem, senta aqui ao meu lado e deixa o mundo girar. Jamais seremos tão jovens!"