quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Muito mais que 8 megapixels.



Hoje vi uma cidade diferente. Não tão diferente. Apenas uma outra visão.
Vi com outros olhos tudo aquilo que enxergo e não sei visualizar. Imagens, calor, movimento, um novo paraíso contemplativo de mim mesmo em um outro alguém.
Um concreto de mim mesmo desabando em terreno fértil, me transformando em areia, água, barro, fazendo um cimento de emoções e pensamentos pra ser uma nova fundação.
Não sei calcular a área ou a dimensão disso tudo, nunca fui bom em matemática. Só sei contar quantos projetos me foram feitos ou embargados, sei ser semente no idealismo de uma proposta paisagística que se encontra aqui, alí, em São Paulo, na Espanha e em qualquer outro lugar dentro de mim mesmo e de um quase arquiteto que decora as idéias de Deus e suas casas e templos.
Como uma lâmina de aço que arranha clichês na esperança de ser diferente, estou entre poemas fotográficos na escada da Sé, esperando na fila. Mas não para ver Deus ou outros deuses. Quero só o megafone pra poder gritar ao mundo que me encontro aqui, vivo, em um quarto que não sei se é o meu, olhando no espelho e vendo uma cama.
Promiscuidade por estar no quarto desconhecido?
Jamais.
O que vejo é um ser dormindo, lindo, quase perfeito, que sonambula comigo através de uma tela e de sons, orgia musical e sonora de sentimentos e dúvidas e certezas.
O tempo é minha barreira, quero acertar o relógio e acordar daqui uns 15 dias e ver tudo acima de 8 megapixels.
Fazer novos poemas juntos, deitar minha cabeça em teu colo, ver TV só por ver, porque não estaremos alí.
O sonâmbulo desperta de seus medos, receios e dúvidas e está seguro de minha resolução.
Ultrapassamos os elementos da imagem, somos reais. Imagens com sentimentos, com sons, com histórias.
Resoluções?
Palavra ambígua, né?
Talvez seja apenas o nível de detalhe que cada imagem comporta.
Talvez seja o ato ou efeito de resolver ou resolver-se.
Talvez seja o ato de resolver ou decompor o corpo, com separação dos seus elementos componentes ou princípios constitutivos.
Talvez seja um desígnio, um propósito.
Talvez seja apenas a transformação da dissonância (a falta de harmonia) em consonância (uniformidade de sons na terminação das palavras).
Seja como for, será uma resolução. Pode levar mais de três meses e não depende só de mim.
Mas quero fazer parte dessa nova cidade que surge em mim. Habitar, existir, ser parte, integrar, entregar, entrega, doação, compreensão, sentimentos, paz, segurança, carinho.... resoluções, acima de 8 megapixels.

Um comentário:

Vagno Fernandes disse...

Parece ser uma cidade bonita...aún que hormigones edificados en Ella, acercanse al intransponible.